electronic – Dionysian Industrial Complex https://dionysian-industrial-complex.net/br Mon, 27 May 2024 17:25:53 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.3 CPLX 3 : River of Electrons – Box https://dionysian-industrial-complex.net/br/cplx-3-river-of-electrons-box/ Sun, 13 May 2018 13:46:32 +0000 http://beta.dionysian-industrial-complex.net/?p=112

O manancial do “River of Electrons” (Rio de Elétrons) é um Groovesizer MK1, a homônima “Box” (Caixa) que o artista recebeu como presente de Natal em 2016. No coração do Groovesizer está uma placa primitiva de Arduino; criada por um artista de Brasília, Hieronimus do Vale, a caixa é baseada num software livre desenvolvido pela MoShang.

“River of Electrons” combina este sequenciador lo-fi com um trivial pedal de guitarra multi-fx, um Korg Monotron, um PocketCHIP rodando Sunvox e outro Arduino acionando drones barulhentos. Mas aqui não se trata de um exercício para extrair sutilezas ou sofisticação musical de equipamentos arcaicos. Ao contrário, cada um deles é reverenciado, dado plena liberdade para exibir e ostentar qualquer que seja o espetáculo tosco  que consiga engendrar.

O resultado é um mundo sonoro estranhamente convincente,  familiar mas idiossincrático, equidistante entre uma excursão ambiente embaçada e cintilante; dub das antigas que arremessa na pista com euforia qualquer truque básico (e gratuito) de estúdio que possa colocar suas mãos; rumorejante e hipnótica acid jam do segundo verão de amor; rude musica eletrônica lo-fi.

Imagine Harold Budd com um TB303, gravada em uma Black Ark  com circuitos distorcidos.

Em uma famosa entrevista, Brian Eno descreveu uma linda experiência musical que teve ouvindo um disco num volume tão baixo que estava no limiar da audibilidade. “Box” também parece ter um prazer quase perverso na quietude, forçando o ouvinte a bloquear sons concorrentes ou a usar fones de ouvido para focar a atenção no minúsculo. Um solo rasgado com um Arduino saturado, alimentado pelos mais ruidosos efeitos de distorção, abaixo de -20dB. Instrumentos “reais” – piano, gravador, órgão elétrico – são engajados ocasionalmente. Mas estão tão profundamente submersos na composição que não acrescentam mais do que um quase imperceptível, subconsciente desenho sob a superfície ondulante e borbulhante do rio.

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