Mentufacturer descreve a si mesmo como um garoto industrial que cresceu e acabou tendo que admitir seu amor por mantras melódicos. Quando não trabalha nos bastidores, como um dos fundadores / curadores do Dionysian Industrial Complex, ele tenta justificar essa afirmação com uma série de EPs peculiares que combinam percussões barulhentas e desordenadas com refrãos saudosamente melódicos tocados em plugins de sintetizadores baratos.
Mas neste single, em colaboração com o cantor xamânico Biophillick, ele se concentra no chill ou glo-pop do início dos anos 2010. É um assunto nebuloso no estilo de “Work Drugs” ou “Neon Indian”. Um som que é “brilho do sol no mar e cores saturadas na praia”.
Ou, ao menos, é por aí que você sente que Mentufacturer quer levá-lo. Mas movimentos estranhos continuam perturbando esse devaneio. Uma bateria agressiva de golpes distorcidos marca o final de cada compasso, como um valentão na praia chutando os castelos de areia… Uma parada súbita da fita cassete rompe a vibe para anunciar um baixo ecoando, que pode muito bem ter vindo do pós-punk dos anos 80. As caixas tipo trap são um pouco nítidas demais para a cena impressionista. Os vocais lânguidos e ligeiramente androidificados de Biophillick, em comemoração “à luz quente” e “a serpente de néon de mil cores”, ajudam a restabelecer a sensação da glo-wave. Mas a musica permanece um pouco robótica demais. O equivalente em áudio da arte visual de Biophillick: um intenso néon elétrico apropria-se das cores suculentas da natureza.