Dado que Exu tem uma reputação por vezes feroz, a invocação de Victor Hugo do Orixá é notável por sua economia e sutileza. Mesmo que a música contenha elementos esperados como tambores, cantos rituais e explosões de ruído eletrônico, há pouco exotismo bombástico ou gratuito. Ao contrário, essa música é um mecanismo eficiente e funcional para abrir portais para outros planetas. Aterrorizante não por causa de algum melodrama, mas apenas porque pode estar funcionando.
Victor Hugo entende que a percussão é uma “onda condutora”. Não é uma sequência de pulsos em staccato. Ou mesmo uma matriz. Mas uma ondulação rica e agitada que pode ser modulada com mensagens estranhas e surpreendentes. Frequência modulada, pitch-bent e bitcrushed, flangeada e varrida por filtros. A música está sobrecarregada com uma superposição de símbolos: um belo xilofone, uma guitarra antiga desafinada, sinos amassados, erupções de vozes radio-comprimida, vindas do “Bush of Ghosts”. Você não consegue determinar o que esta língua alienígena significa, mas você sabe que, através dela, alguém está falando com você.